segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Perda.

Pior do que perder alguém que morreu, é perder alguém que ainda vive. A perda é aquela visita indesejada, que traz a insegurança, o medo, a tristeza e o desespero junto com ela. A perda tem uma cara pálida, amarelada, feia, soturna, cadavérica...Ela é capaz de sufocar a nossa alma por dentro, picar o nosso coração de deixar os restos dele jogados em um lixo qualquer, humilhados, sem o direito de bater novamente. Quando essa infeliz senhora nos toca, não temos muitas alternativas, a não ser aceitar o toque doloroso e gélido, e seguir a vida da maneira que nos for possível.

A perda consegue ser pior do que a saudade, afinal, a saudade quase sempre é recorrente dela. Não adianta gritarmos, espernearmos, sufocarmos, morremos por dentro... A perda não trás de volta, não tem compaixão, não é humilde e nem delicada; ela fere mesmo, nos deixa sangrando, e não faz a menor questão de limpar a bagunça que faz.

Gostaria eu de poder detê-la. Gostaria eu de poder deixar comigo, de forma intacta, tudo aquilo que me faz ser um ser humano mais completo. Mas eu não possuo esse controle, e tampouco chegarei a possuir algum dia. Sou obrigada a deixar a senhora perda me tocar, e muitas vezes, me esquartejar.

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